Do cinema para o Rio de Janeiro, Black Hawk deve reforçar guerra contra crime organizado

A Gazeta Popular
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Um helicóptero do modelo Black Hawk, blindado, sobrevoa uma área perigosa com o objetivo de auxiliar na derrubada de criminosos com armamentos pesados. A cena parece que foi retirada de um filme de combate norte-americano, como Falcão Negro em Perigo, mas em breve poderá se tornar realidade no estado do Rio de Janeiro.

No começo deste mês, o governador Cláudio Castro (PL) anunciou que o helicóptero Black Hawk deve ser incorporado à frota da Polícia Militar até o final deste ano. Procurada pela reportagem da Gazeta do Povo, a PM fluminense, porém, informou que o processo licitatório está em fase final de tramitação sem previsão do helicóptero entrar em ação no apoio aéreo às forças de segurança.

“Nesse momento, o processo se encontra na fase de reserva orçamentária. Após essa etapa final, será aberto o pregão eletrônico para aquisição da aeronave, com as especificações definidas pela área técnica da corporação”, esclareceu a PM.

Na administração pública, a fase de reserva orçamentária é o momento em que o estado confirma se possui os recursos disponíveis para pagar as despesas decorrentes do contrato. Ou seja, o valor da compra ainda não foi fechado ou anunciado no Diário Oficial do estado do Rio de Janeiro.

No ano passado, o Exército Brasileiro comprou 12 Black Hawks orçados em 451,5 milhões de dólares, cerca de 37,6 milhões por unidade. No acordo, foram adquiridas as aeronaves do modelo UH-60M, em um “pacote” com armamentos e acessórios inclusos.

Segundo Thales Pereira, membro honorário da Força Aérea Brasileira (FAB) e presidente da Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero, o valor do modelo pretendido pelo governo do Rio, o UH-60, pode custar até 20 milhões de dólares. “O valor vai depender do ano do helicóptero, que eu acredito que não seja o mais novo. O ano e as horas totais de uso podem fazer o preço variar bastante”, comentou.

Se confirmada a compra, a PM do Rio terá em mãos um modelo testado em guerras no Oriente Médio e em operações especiais que entraram para história, como na captura do terrorista Osama Bin Laden, em 2011. O líder da Al-Qaeda foi morto por soldados da elite da Marinha norte-americana, Navy Seals, durante a operação Lança de Netuno com infiltração do grupo especial em um complexo localizado em Abbottabad, no Paquistão.

Quais os benefícios da aquisição milionária do helicóptero Black Hawk
O comandante Thales Pereira classificou a compra do Black Hawk como uma “aquisição de peso” por causa da grande capacidade de carga para o transporte de tropas. “É uma máquina que traz consigo a tecnologia e o pedigree de um helicóptero de combate. Acredito que seja um passo necessário para fazer frente ao constante avanço na criminalidade, não só no Rio de Janeiro, como no paí”, defendeu.

A aeronave é fabricada pela Lockheed Martin, sediada nos Estados Unidos e uma das maiores empresas de defesa do mundo. O modelo mais recente, o mesmo adquirido pelo Exército Brasileiro no ano passado, é capaz transportar cerca de quatro toneladas de equipamento. A companhia norte-americana também reforça que o Black Hawk possui janelas equipadas com armas e piso blindado.

O Exército Brasileiro, que utilizou um UH-60M para levar alimentos aos Yanomami em 2023, aponta que a aeronave militar é “usada em larga escala para infiltração e exfiltração de tropa e para missões de resgate, busca e salvamento; podendo percorrer até 295 quilômetros em uma hora.”

 

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Um helicóptero do modelo Black Hawk, blindado, sobrevoa uma área perigosa com o objetivo de auxiliar na derrubada de criminosos com armamentos pesados. A cena parece que foi retirada de um filme de combate norte-americano, como Falcão Negro em Perigo, mas em breve poderá se tornar realidade no estado do Rio de Janeiro.No começo deste mês, o governador Cláudio Castro (PL) anunciou que o helicóptero Black Hawk deve ser incorporado à frota da Polícia Militar até o final deste ano. Procurada pela reportagem da Gazeta do Povo, a PM fluminense, porém, informou que o processo licitatório está em fase final de tramitação sem previsão do helicóptero entrar em ação no apoio aéreo às forças de segurança.“Nesse momento, o processo se encontra na fase de reserva orçamentária. Após essa etapa final, será aberto o pregão eletrônico para aquisição da aeronave, com as especificações definidas pela área técnica da corporação”, esclareceu a PM.Na administração pública, a fase de reserva orçamentária é o momento em que o estado confirma se possui os recursos disponíveis para pagar as despesas decorrentes do contrato. Ou seja, o valor da compra ainda não foi fechado ou anunciado no Diário Oficial do estado do Rio de Janeiro.No ano passado, o Exército Brasileiro comprou 12 Black Hawks orçados em 451,5 milhões de dólares, cerca de 37,6 milhões por unidade. No acordo, foram adquiridas as aeronaves do modelo UH-60M, em um “pacote” com armamentos e acessórios inclusos.Segundo Thales Pereira, membro honorário da Força Aérea Brasileira (FAB) e presidente da Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero, o valor do modelo pretendido pelo governo do Rio, o UH-60, pode custar até 20 milhões de dólares. “O valor vai depender do ano do helicóptero, que eu acredito que não seja o mais novo. O ano e as horas totais de uso podem fazer o preço variar bastante”, comentou.Se confirmada a compra, a PM do Rio terá em mãos um modelo testado em guerras no Oriente Médio e em operações especiais que entraram para história, como na captura do terrorista Osama Bin Laden, em 2011. O líder da Al-Qaeda foi morto por soldados da elite da Marinha norte-americana, Navy Seals, durante a operação Lança de Netuno com infiltração do grupo especial em um complexo localizado em Abbottabad, no Paquistão.Quais os benefícios da aquisição milionária do helicóptero Black Hawk O comandante Thales Pereira classificou a compra do Black Hawk como uma “aquisição de peso” por causa da grande capacidade de carga para o transporte de tropas. “É uma máquina que traz consigo a tecnologia e o pedigree de um helicóptero de combate. Acredito que seja um passo necessário para fazer frente ao constante avanço na criminalidade, não só no Rio de Janeiro, como no paí”, defendeu.A aeronave é fabricada pela Lockheed Martin, sediada nos Estados Unidos e uma das maiores empresas de defesa do mundo. O modelo mais recente, o mesmo adquirido pelo Exército Brasileiro no ano passado, é capaz transportar cerca de quatro toneladas de equipamento. A companhia norte-americana também reforça que o Black Hawk possui janelas equipadas com armas e piso blindado.O Exército Brasileiro, que utilizou um UH-60M para levar alimentos aos Yanomami em 2023, aponta que a aeronave militar é “usada em larga escala para infiltração e exfiltração de tropa e para missões de resgate, busca e salvamento; podendo percorrer até 295 quilômetros em uma hora.”Com essa versatilidade, o Black Hawk é considerado um importante reforço no combate ao crime organizado, principalmente nas incursões pelas favelas cariocas. Em fevereiro deste ano, por exemplo, um helicóptero do Grupamento Aeromóvel da PM do Rio foi atingido durante um tiroteio no Complexo de Israel. O ataque atrapalhou a operação e fez com que a aeronave realizasse um pouso emergencial.A PM optou pelo uso do helicóptero pela dificuldade de acesso à comunidade, que teve as ruas bloqueadas por barricadas. Veículos também são espalhados pelas vias por criminosos para impedir a chegada dos policiais. A prática é comum na guerra das forças de segurança contra o crime organizado no Rio, que passou a usar a tática nas favelas na tentativa de dificultar o uso do famoso “Caveirão” pelo Batalhão de Operações Especiais.Ataques contra aeronaves com armamentos de alto calibre não são casos isolados na cidade do Rio de Janeiro. Em 2016, quatro policiais militares morreram após um helicóptero ser derrubado em uma troca de disparos com criminosos. A aeronave prestava apoio a uma operação policial na Cidade de Deus, na zona oeste do Rio.

Com essa versatilidade, o Black Hawk é considerado um importante reforço no combate ao crime organizado, principalmente nas incursões pelas favelas cariocas. Em fevereiro deste ano, por exemplo, um helicóptero do Grupamento Aeromóvel da PM do Rio foi atingido durante um tiroteio no Complexo de Israel. O ataque atrapalhou a operação e fez com que a aeronave realizasse um pouso emergencial.

A PM optou pelo uso do helicóptero pela dificuldade de acesso à comunidade, que teve as ruas bloqueadas por barricadas. Veículos também são espalhados pelas vias por criminosos para impedir a chegada dos policiais. A prática é comum na guerra das forças de segurança contra o crime organizado no Rio, que passou a usar a tática nas favelas na tentativa de dificultar o uso do famoso “Caveirão” pelo Batalhão de Operações Especiais.

Ataques contra aeronaves com armamentos de alto calibre não são casos isolados na cidade do Rio de Janeiro. Em 2016, quatro policiais militares morreram após um helicóptero ser derrubado em uma troca de disparos com criminosos. A aeronave prestava apoio a uma operação policial na Cidade de Deus, na zona oeste do Rio.